No dia 16 de outubro realizamos a atividade formativa junto aos professores da rede municipal de educação de Francisco Morato, no Teatro Laura Bressane. Foram 4 palestras que contemplaram 1.052 trabalhadores da educação e falaram sobre literatura, mas mais do que isso, sobre acreditar.
foto: Tamiris Severio
A palestra começava com uma apresentação das mediadoras Paloma Rodrigues e eu, Amara Hartmann, falando que apesar de estarmos ali falando sobre leitura, fizemos faculdade de teatro e acreditamos que o fazer artístico está interligado como um todo. Por isso, era impossível falar de livros sem falar de teatro.
Antes das falas, foi pedido um tempo para que o público pudesse respirar. Uma das maiores ferramentas do teatro é a presentificação, por isso, respirar e trazer o corpo e o pensamento para o momento presente, pode fazer grandes diferenças no dia-a-dia e na saúde mental das pessoas – afinal de contas, se vivo o momento presente, não penso demais no passado ou no futuro.
Foram aplicadas algumas atividades teatrais, como alongamentos, despertar dos músculos do corpo e, principalmente, o aquecimento vocal: a voz é um instrumento muito caro ao professor, que trabalha diariamente com ela. Saber utilizá-la, aquecer e desaquecer pode fazer uma grande diferença na qualidade do trabalho.
foto: Tamiris Severio
Depois, quando todos estão integrados e acordados, é iniciada a palestra.
Salientando a conexão do teatro com o tema, é realizada a seguinte pergunta:
“Vocês já pararam pra pensar por que, mesmo depois da invenção do cinema e da pandemia, o teatro existe até hoje?”
Frente a falta de respostas, falamos: é porque o teatro é a arte do encontro.
Diferente da literatura, que é muito solitária no fazer e no fruir, o teatro é sobre a união das pessoas – e uma leitura/contação de uma história para uma criança, também deve ter esse mesmo instinto.
Uma leitura pode mudar uma vida.
Então compartilhamos com o público uma história.
Contamos a história da menina que tinha deixado seu peixinho em casa durante as chuvas de janeiro de 2022 na região de Francisco Morato, que culminou na publicação do livro “Os Labaxos e as Chuvas” e depois também compartilhamos histórias sobre as leituras do livro realizadas em escolas por meio do projeto UMA ESCRITORA NA MINHA ESCOLA.
Falamos que na primeira escola que realizamos a leitura, um menino não acreditou que o peixinho tivesse sobrevivido na vida real. Comentamos o quanto era triste pensar que as crianças também poderiam perder o otimismo, algo tão inerente a elas e tão distante de nós, adultos. E depois compartilhamos sobre uma outra menina que disse:
“Meu sonho era ser jogadora de futebol, mas eu desisti. Que bom que você veio logo hoje na minha escola, porque você falou que seu sonho era ser escritora e você conseguiu, e agora eu não vou desistir mais.”
Às vezes, ao conversar com uma criança, dar aula, esquecemos da importância que aquele encontro pode ter na vida daquele ser humano. Esquecemos que fomos crianças também e que tudo que vivemos na infância fica marcado na gente até hoje. Por isso, falamos da importância de cuidar das palavras que passamos pros pequenos. Mas que, principalmente, precisamos cuidar de nós mesmos antes de cuidar do outro.
Quem cuida de quem cuida?
Por isso estar bem, cuidar da voz, da mente, para ler uma história para uma criança, uma história que inspire essa criança, incentive-a a ser melhor, a crescer, pode causar uma reação em cadeia transformando pouco a pouco nossa sociedade tornando-a mais justa, amorosa e igualitária.
É nisso que a Romã Atômica acredita.
foto: Tamiris Severio
Este projeto foi contemplado no Chamamento Público nº 05/2023 Edital de Seleção de Projetos do município de Francisco Morato com recursos da Lei Complementar n° 195/2022 Lei Paulo Gustavo.